Tão logo saía da atividade esportiva que promovi, no final da manhã do último domingo, conversei com um amigo que ofereceu-me carona sobre o anúncio que logo seria dado pela FIFA sobre as cidades brasileiras que serviriam de sub-sedes para o mundial de futebol de 2014. Dizia a ele que um jornalista da estirpe de Ancelmo Góes de "O GLOBO" não poderia ser desconsiderado. Fiz esta alusão para dizer ao companheiro com quem estava que não acreditava mais na possibilidade de Belém estar entre as escolhidas, já que o jornalista citado havia revelado em sua coluna da última quinta-feira os nomes das cidades agraciadas. No fundo, no fundo, aguardei por uma surpresa positiva. Tanto é assim que, embora cansado, após haver tomado um sol causticante ao longo de toda aquela manhã, após almoçar, alterei meu projeto que antes era de dormir até às dezesseis horas e pus-me diante da telhinha aguardando a tão espera divulgação.
Antes de continuar quero fazer duas menções. A primeira delas é quanto a minha postura diante dos mais diversos temas que abordo aqui. Não tenho a pretensão de ser o "dono da verdade", mas não abro mão de opinar sobre o que me diz respeito direta ou indiretamente. Não sei ficar encima do muro. Por vezes cometo equívocos, jamais injustiças. Torno-me polêmico por dizer e até revelar pareceres que colocam em "cheque" pessoas, muitas delas investidas da condição de administradores, que quem espero postura e direcionamento compatíveis com as funções que exercem. A "Terra" tem tremido quando algumas pessoas sentem-se citadas. Umas vezes elas tremem, outras são seus protegidos interlocutores que sentem-se dessa maneira. E isso tem provocado reações as mais diversas. É um recadinho aqui, uma indireta alí. Mas, com o tempo, as coisas vão se acomodando.
A segunda colocação na verdade é um pedido de desculpas antecipado por postar nesta matéria algumas expressões que fogem do usual. Ou seja, expressões mais duras, fruto de um coração que não aceita injustiças.
Feitas essas considerações, volto ao tema "copa de 2014".
Já apartir da tarde de domingo, após a "palhaçada" protagonizada por três "paspalhões engravatados", comecei a receber telefonemas que citavam a Governadora do Pará como a maior responsável pela derrocada imposta aos paraenses pela FIFA. Na segunda-feira, próximo das trêze horas, recebí outro telefonema abordando o mesmo tema, mas com o mesmo intuito; desgastar a Governadora.
Disse ao meu interlocutor da segunda-feira que o Pará foi muito inocente no episódio. A FIFA requereu-nos um projeto técnico e disse que, a despeito das muitas homenagens que sua delegação havia recebido nas cidades que se candidatavam, os critérios adotados pela entidade seriam apenas e tão somente técnicos. Para aqueles que não sabem, o projeto do Pará foi considerado pelos técnicos da CBF como o terceiro melhor. Como os paraenses, achei que todos são merecedores de confiança até que se prove o contrário. Acreditei que os critérios seriam eminentemente técnicos. Imaginei que ingerências políticas e de grandes grupos econômicos não ocorreriam.
Para surpresa e decepção de todos os paraenses, Belém ficou de fora. Não é apenas o fato de haver ficado de fora que me deixa indignado. Afinal, a linda, belíssima Florianópolis também ficou.
Não tenho cada contra os amazonenses. Aliás, quero dizer que passei a gostar de Manaus depois de um certo tempo. Tenho pessoas daquela Terra que são como verdadeiros irmãos, no sentido exato da palavra. Mas, aqui pra nós: perder pra Manaus é demais!!! Que me desculpem meus irmãos amazonenses mas, o que Manaus tem de passado no futebol? Qual a condição atual do futebol amazonenses? Que clubes se destacam? Qual a média de público nos estádios realizados alí? Que títulos nacionais já conquistaram? Que jogadores tem revelado para o futebol nacional? Gente, aquela "corja" nos humilhou! Critérios técnicos coisa nenhuma! Sabe-se lá quantos milhões a coca-cola e a sony não investiram para tirar-nos o direito (falei direito) de sermos escolhidos.
O glorioso Clube do Remo foi campeão norte e nordeste invicto e campeão da terceira divisão do futebo, brasileiro. O Payssandú campeão dos campeões, vencendo das maiores equipes do futebol brasileiro, além de haver participado da Copa Libertadores da América. A própria Tuna Luso Brasileira já em duas oportunidades conquistou a terceira divisão no Brasil. Ressalto que no ano de 2005, quando o Remo disputou e venceu a terceira divisão, enquanto o clássico Palmeiras e Corinthians levou 20.000 pessoas ao Pacaembú, o fenômeno azul colocou 36.000 torcedores no Mangueirão na partida entre Remo e Ipatinga. Naquele ano o Remo foi o campeão de arrecadações no Brasil, considerando-se as três divisões. Que torcida maravilhosa temos aqui! Não posso deixar de revelar minha indignação diante da safadeza que nos foi imposta.
Belém tem acessibilidade, um Mangueirão considerado um dos estádios mais belos do Brasil e com investimentos bem menores poderia chegar as condições ideais para sediar a copa.
A quem reclamar? Quem poderá ser por nós? Quem nos fará justiça?
Como prêmio de consolação a CBF convida o Presidente da Federação Paraense de Futebol para ser o chefe da delegação brasileira que participará da Copa das Confederações, agora em julho.
Não posso ignorar que realmente a falta de unidade da classe política paraense nos prejudicou. O que havia de gente torcendo contra era uma coisa! Ouví gente dizer: " Se a Copa do Mundo vier pra Belém a Ana Júlia se reelege com certa facilidade"! Já pensaram no nível da discussão? Isso, no entanto, não tira a responsabilidade da CBF, muito menos da FIFA, que nos iludiram com a "garantia" de uma decisão técnica, o que não ocorreu. Aqui tinhamos a manifestação da Vele do Rio Doce e dos governos do Tocantins e do Maranhão. Manaus tinha as gigantes coca-cola e sony.
O Pará fez, sim, o que deveria fazer! Não podemos ser responsabilizados pela falta de personalidade e mau-caratismo dos "homens" da FIFA e da CBF.
